Por William Franca
Qualidade: Um Investimento, Não Apenas um Custo
O conceito de "valor" vai muito além do custo financeiro de um produto. Ele inclui atributos como durabilidade, precisão, segurança e suporte técnico. No contexto do diagnóstico, isso significa optar por agulhas que minimizem o risco de hemólise, tubos de coleta que garantam a estabilidade das amostras e equipamentos que entreguem resultados confiáveis, mesmo em condições de alta demanda.
De acordo com um levantamento da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), cerca de 70% das decisões médicas são influenciadas por exames laboratoriais. No entanto, materiais de baixa qualidade estão associados a um aumento significativo de erros pré-analíticos, como contaminação de amostras e hemólise. Esses erros não apenas atrasam o diagnóstico, mas também comprometem tratamentos e a confiança dos pacientes nos serviços laboratoriais.
Impacto nos Insumos: Da Agulha ao Tubo de Coleta
Itens aparentemente simples, como agulhas e tubos de coleta, desempenham um papel fundamental no diagnóstico. Agulhas mal fabricadas podem causar desconforto ao paciente e aumentar as chances de falha na coleta, enquanto tubos de baixa qualidade podem alterar as propriedades da amostra, prejudicando os resultados.
Um estudo da Anvisa (2019) destacou que a inconsistência no uso de tubos de coleta com ativadores de coagulação inadequados gerou até 20% de alterações nos parâmetros bioquímicos das amostras analisadas, levando a diagnósticos errados ou inconclusivos.
Equipamentos: A Base do Diagnóstico Confiável
Quando se trata de equipamentos laboratoriais, o impacto da qualidade é ainda mais evidente. Equipamentos de baixa precisão podem gerar resultados inconsistentes, afetando diretamente o diagnóstico e o tratamento do paciente. Além disso, o custo inicial reduzido desses produtos é frequentemente acompanhado por despesas maiores com manutenção e menor durabilidade.
Por exemplo, laboratórios que utilizam analisadores hematológicos de baixa qualidade relatam maior taxa de falhas e vida útil reduzida, segundo um relatório da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed, 2021). Isso impacta diretamente a produtividade e aumenta os custos operacionais.
A Ilusão do Preço Baixo
Embora o preço inicial de produtos e equipamentos de baixa qualidade possa parecer atrativo, os custos ocultos superam rapidamente qualquer economia inicial. Esses custos incluem:
- Repetição de testes devido a resultados inconsistentes;
- Interrupções operacionais causadas por falhas de equipamentos;
- Perda de clientes devido a diagnósticos imprecisos;
- Custos adicionais com manutenção e suporte técnico.
Como Reverter Essa Tendência?
- Educação do Mercado: Promover treinamentos e conscientização sobre a relação entre qualidade e desempenho.
- Parcerias com Fornecedores Confiáveis: Trabalhar com empresas que ofereçam certificações reconhecidas, como ANVISA, além de atestarem a garantia de qualidade interna.
- Análise de Custo-Benefício: Avaliar o impacto a longo prazo da qualidade no desempenho do laboratório, em vez de focar apenas no preço inicial.
Conclusão
No mercado diagnóstico, a qualidade deve ser vista como um investimento estratégico, e não como um custo adicional. Desde uma simples agulha até um sofisticado equipamento, cada escolha deve ser orientada pelo valor agregado ao serviço e à segurança do paciente.
Optar pelo preço mais baixo pode parecer vantajoso no curto prazo, mas os impactos negativos na qualidade tornam essa abordagem insustentável. Investir em produtos e equipamentos de qualidade é essencial para garantir a excelência no diagnóstico e, acima de tudo, proteger a saúde e o bem-estar dos pacientes.
Fontes
- Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC).
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Relatório de Boas Práticas, 2019.
- Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Panorama do Setor, 2021.